Esse post é uma resenha do artigo intitulado Estudo Funcional da Voz e da Deglutição na Laringectomia Supracricóide. De autoria da Nair Katia Nemr et al e pode ser encontrado na plataforma scielo (link).
O
estudo refere-se a avaliação funcional da voz e da deglutição na
laringectomia supracricóide. O câncer de laringe representa 1 a 2% dos tumores
malignos. É mais comum nos homens acima de 50 anos, está associado ao
tabagismo, etilismo, exposição profissional e genética. A laringectomia
supracricóide é um tipo de laringectomia subtotal que evita a traqueostomia
definitiva e a perda irreversível da voz laríngea.
O
artigo está dividido em resumo em português e em inglês; introdução; método;
resultados; discussão; conclusão e referências bibliográficas.
O
método utilizado teve como causuística 22 indivíduos submetidos a laringectomia
supracricóide encaminhados ao serviço de Fonoaudiologia do Hospital de
Heliópolis em São Paulo entre 1987 e 2003. Para a avaliação da deglutição foram utilizados critérios propostos no protocolo elaborado por O’Neil et al (2012) em
que se classificava a deglutição de 1 a 4. Sendo 1 para deglutição adaptada; 2
para disfagia leve; 3 para disfagia moderada e 4 para disfagia severa.
Já
na avaliação do padrão vocal foi utilizado a classificação proposta por Pinho
(1998, 2001) baseada na avaliação perceptivo-auditivo de 0 a 3, sendo 0 voz
normal, 1 disfonia leve, 2 disfonia moderada e 3 disfonia severa. E quanto a
evolução da disfagia e da disfonia foi considerada satisfatória quando houve
melhora e insatisfatória quando houve estabilidade do quadro ou piora do mesmo.
Quanto
aos resultados 59% dos indivíduos apresentaram grau moderado de disfagia e 41%
grau severo. Já referente à disfonia, 41% dos indivíduos apresentaram grau
moderado e 59% grau severo. Já quanto a evolução 77% apresentaram a mesma
evolução tanto pra disfagia como para disfonia (15 indivíduos com evolução
satisfatória e 2 insatisfatória) e 23% apresentaram evolução satisfatória da
disfagia e insatisfatória da disfonia. Portanto com maior número de evolução
satisfatória em disfagia.
Já
no que se refere a discussão do artigo, tem-se que a predominância do grau
severo de disfagia presente no estudo é o mesmo apresentado pela literatura.
Assim como a maioria dos indivíduos estudados (68%) apresentam melhora na
qualidade vocal após fonoterapia. Também a maioria dos indivíduos evoluem
melhor em relação a disfagia do que a disfonia, corraborando com outros
estudos.
A
publicação conclui, portanto que em indivíduos submetidos a laringectomia
supracricóide a evolução da deglutição é mais favorável que da disfonia. E após
a fonoterapia observa-se evolução satisfatória tanto na disfagia como na
disfonia.
Portanto,
eu recomendo esse artigo porém com algumas ressalvas. Pois o artigo poderia
utilizar métodos mais específicos para avaliar a disfagia ou a deglutição dos
pacientes submetidos a cirurgia de
laringectomia supracricóide como a vídeofluoroscopia como artigo de Prado et al
(2012) assim como Lima et al (2001) que também se utilizou dessa técnica. Pois
seriam meios objetivos de avaliação. Outra ressalva a se fazer é que não é
colocado na metodologia do artigo como foi realizado esse estudo que
compreendeu pacientes de 1987 a 2003 no Hospital Heliópolis. Mas o artigo se
mostra interessante pela contribuição científica por corroborar com outros
resultados da literatura e ser mais um dado para estudos e aplicações clínicas.
Referências Bibliográficas: NEMR, Nair Katia et al. Estudo funcional da voz e da
deglutição na laringectomia supracricóide. Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia, São Paulo, v. 73, n. 2, p.151-155, mar. 2007.
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