terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Resenha: Estudo Funcional da Voz e da Deglutição na Laringectomia Supracricóide






          Esse post é uma resenha do artigo intitulado Estudo Funcional da Voz e da Deglutição na Laringectomia Supracricóide. De autoria da Nair Katia Nemr et al e pode ser encontrado na plataforma scielo (link).


O estudo refere-se a avaliação funcional da voz e da deglutição na laringectomia supracricóide. O câncer de laringe representa 1 a 2% dos tumores malignos. É mais comum nos homens acima de 50 anos, está associado ao tabagismo, etilismo, exposição profissional e genética. A laringectomia supracricóide é um tipo de laringectomia subtotal que evita a traqueostomia definitiva e a perda irreversível da voz laríngea.

O artigo está dividido em resumo em português e em inglês; introdução; método; resultados; discussão; conclusão e referências bibliográficas.

O método utilizado teve como causuística 22 indivíduos submetidos a laringectomia supracricóide encaminhados ao serviço de Fonoaudiologia do Hospital de Heliópolis em São Paulo entre 1987 e 2003. Para a avaliação da deglutição foram utilizados critérios propostos no protocolo elaborado por O’Neil et al (2012) em que se classificava a deglutição de 1 a 4. Sendo 1 para deglutição adaptada; 2 para disfagia leve; 3 para disfagia moderada e 4 para disfagia severa.

Já na avaliação do padrão vocal foi utilizado a classificação proposta por Pinho (1998, 2001) baseada na avaliação perceptivo-auditivo de 0 a 3, sendo 0 voz normal, 1 disfonia leve, 2 disfonia moderada e 3 disfonia severa. E quanto a evolução da disfagia e da disfonia foi considerada satisfatória quando houve melhora e insatisfatória quando houve estabilidade do quadro ou piora do mesmo.

Quanto aos resultados 59% dos indivíduos apresentaram grau moderado de disfagia e 41% grau severo. Já referente à disfonia, 41% dos indivíduos apresentaram grau moderado e 59% grau severo. Já quanto a evolução 77% apresentaram a mesma evolução tanto pra disfagia como para disfonia (15 indivíduos com evolução satisfatória e 2 insatisfatória) e 23% apresentaram evolução satisfatória da disfagia e insatisfatória da disfonia. Portanto com maior número de evolução satisfatória em disfagia.

Já no que se refere a discussão do artigo, tem-se que a predominância do grau severo de disfagia presente no estudo é o mesmo apresentado pela literatura. Assim como a maioria dos indivíduos estudados (68%) apresentam melhora na qualidade vocal após fonoterapia. Também a maioria dos indivíduos evoluem melhor em relação a disfagia do que a disfonia, corraborando com outros estudos.

A publicação conclui, portanto que em indivíduos submetidos a laringectomia supracricóide a evolução da deglutição é mais favorável que da disfonia. E após a fonoterapia observa-se evolução satisfatória tanto na disfagia como na disfonia.


Portanto, eu recomendo esse artigo porém com algumas ressalvas. Pois o artigo poderia utilizar métodos mais específicos para avaliar a disfagia ou a deglutição dos pacientes submetidos a cirurgia de  laringectomia supracricóide como a vídeofluoroscopia como artigo de Prado et al (2012) assim como Lima et al (2001) que também se utilizou dessa técnica. Pois seriam meios objetivos de avaliação. Outra ressalva a se fazer é que não é colocado na metodologia do artigo como foi realizado esse estudo que compreendeu pacientes de 1987 a 2003 no Hospital Heliópolis. Mas o artigo se mostra interessante pela contribuição científica por corroborar com outros resultados da literatura e ser mais um dado para estudos e aplicações clínicas.

Referências Bibliográficas: NEMR, Nair Katia et al. Estudo funcional da voz e da deglutição na laringectomia supracricóide. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, v. 73, n. 2, p.151-155, mar. 2007.

Nenhum comentário:

Postar um comentário